O balé sempre
me fascinou. Eu guardo comigo uma vontade muito grande de dançar balé. Acho que
por isso desenho tanto as bailarinas. A verdade é que eu não o vejo como uma
simples dança ou como simples movimentos sincronizados. Vejo o balé como vejo a
vida. A vida não é fácil. Ela é cheia de desafios e dificuldades. Muitas vezes
precisamos nos esticar para alcançar objetivos, precisamos abrir mão de certos
luxos para um bem maior, e precisamos nos dedicar muito, muito mesmo para
chegar onde queremos. Tudo isso com uma dose extra de muita disciplina.
Comecemos então
a análise pelos pés. Os pés de uma bailarina são feios, sofridos e machucados.
Mas eles se movimentam com uma agilidade incrível e se alongam de maneira
sublime. Para tornar os pés “menos feios” temos as belas sapatilhas de cetim
que embelezam e encantam. Assim também é o nosso coração: tantas vezes ele foi
ferido por alguém e chegamos a crer que não suportaremos tamanha dor; mas eis
que surge a alegria ao amanhecer, o dia renasce e ganhamos a nossa sapatilha de
cetim. A sapatilha de cetim muda as coisas, camufla toda a dor e ressentimento.
Ela pode ser um tímido “Eu te amo” que você ouve da sua mãe ou um sorriso
contagiante que você recebe do seu filho. Ela pode ser um abraço que você ganha
do seu namorado. Ela pode ser um “bom dia” que você recebe de alguém que nem
sabia que notava sua existência.
A bailarina tem
acima de tudo a disciplina. Ela vê o balé como a sua vida, como a sua essência,
e se dedica a isso. Ela sabe quem é e o que veio fazer no mundo. Ela não veio a
passeio. A bailarina veio ao mundo cheia de objetivos, sonhos ou metas, chame
como quiser, mas ela sabe o que precisa ter para alcançá-los: disciplina. Não é
simples adaptar isso a nossa vida. Não significa que somos obrigados a levar uma
vida rígida, cheia de regras ou sem nenhum lazer. Muito pelo contrário. Devemos
então levar uma vida saudável, com bons hábitos, com sorrisos verdadeiros,
algumas lágrimas para regar nossa fé e pessoas que nos impulsionam a seguir em
frente e crescer. A vida deve ser levada menos a sério. Mas, como levar uma
vida despreocupada e disciplinada?
É aí que a bailarina
entra com uma lição importante: o equilíbrio. É preciso estar com o corpo e a
alma limpos e leves. Não devemos guardar mágoas de alguém que nos feriu,
devemos liberar o perdão. Muita gente acredita que liberar o perdão é difícil
ou que isso significa amar a pessoa que te magoou. Não é bem assim. Liberar
perdão significa deixar a pessoa “ir”. Não pensar mais nela, tornar-se indiferente.
Liberte-se dela. Esqueça-a. E viva. Sinta. Chore. Sorria. Dance. Dance conforme
a música, dance com alegria, dance com a alma. E você simplesmente achará a
beleza que transcende a dor, a felicidade que se une à disciplina e o
equilíbrio essencial para ser feliz.
Giovana Berbert
Disciplina e equilíbrio! Tá aí!
ResponderExcluirÓtimo texto, Giovana!
Parabéns!
Muito bom, tem conteúdo o que é raro encontrar hoje, você está no "caminho certo", não perca o foco.
ResponderExcluirE modo como consegue interpretar as entre-linhas, ótimo.
Parabéns
É Berbert, a UFV estará bem representada! Ótimo texto... Gostei das comparações! E é isso aí, concordo plenamente, a vida tem q ser levada menos a sério, mas com disciplina!
ResponderExcluirQue texto maravilhoso, que comparação perfeita!
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